Bem vindo...

Uma nova forma de conhecimento e emocionar cultural.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Poema de Clarice Lispector


No "Poesia, pra que te quero?" mini-curso ministrado no CCBNB em Juazeiro do Norte/Ce, foram objetos de estudos vários poetas e poetizas, dentre eles: Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Ferreira Gullar, Hilda Hist, Manoel de Barros, Vinicius de Morais, Andreína Vieira, Rita Apoena e outros. O mini-curso tinha como objetivo incentivar a leitura e o encontro do poema com o ser individual.

A Clarice Lispector atendeu as minhas expectativas e ao ler o poema desta, ela mim fez refletir, interpretar, questionar e saborear cada frase escrita:

"Não pense que a pessoa tem tanta força assim aponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma.

Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. . . há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo.

Quase quatro anos me tranformaram muito. Do momento em que me resignei, perdir toda a vivacidade e todo o interesse pelas coisas.

Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu...

Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortas meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força.

Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobre tudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer.

Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão.

Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma".

(Clarice Lispector - 1947 Berna-Suiça / Carta à irmã)

Nenhum comentário:

Postar um comentário